Fronteiras

____Há muitos anos atrás, na época das grandes navegações, no século XV, procurando por novos caminhos para as Índias, os portugueses descobriram uma ilha situada ao lado leste do continente africano, a qual era conhecida internamente por Zalaiá, que na língua nativa quer dizer paz e tranqüilidade. Ao desembarcar na ilha pela primeira vez, se encantaram com a beleza de sua fauna e flora, e pela boa recepção dos nativos (malaio-polinésios) que, em troca de pequenas mercadorias como espelho, roupas e acessórios em geral, forneciam aos visitantes alimentos e “hospedagem”. Assim, Zalaiá ficou conhecido como um ponto seguro de paradas, durante a viagem para as Índias.

____No fim do século XV, os navios franceses iam em direção as Índias com o objetivo de roubar as mercadorias das demais embarcações. Estes piratas pararam em Zalaiá pelo mesmo motivo de Portugal, mas eles começaram a usar a ilha como uma fonte de matéria-prima, explorando assiduamente o Baobá, uma árvore nativa que chega a alcançar 25 metros de altura e 7 metros de diâmetro. Os piratas extraiam-na para vender na Europa a um custo elevado, já que sua madeira era muito boa para ser usada na construção de móveis, casas e caravelas.

____Portugal, vendo o lucro francês com a extração do Baobá, se sente prejudicado, já que foi o primeiro a chegar à ilha, e acredita ser o único a ter domínio sobre a mesma para explorá-la. Portugal e França entram num conflito e, na tentativa de resolvê-lo, fazem um tratado, o Tratado de Julho (feito em julho de 1553), onde cada país tinha direito a, aproximadamente, metade da ilha. A parte do sul se tornou colônia francesa e passou a se chamar Madagascar e Portugal colonizou o norte mantendo o mesmo nome (Zalaiá). Enquanto colônia, os zalaianos tinham como principal obrigação extrair o Baobá para a metrópole, além do cultivo de alimentos e pesca.
____Portugal estimulava sua população a ir para Zalaiá, com o objetivo de povoar a ilha e ter melhor controle sobre ela para evitar uma nova invasão territorial, como a dos franceses. Os portugueses, instalados na colônia, comercializavam com os navios que por ali passavam.
____Ao final do século XVII, estavam insatisfeitos, tanto os zalaianos, por ver o Baobá sendo absurdamente explorado e sua terra sem a tranqüilidade costumeira, quanto os portugueses que viviam em Zalaiá, que não se conformavam em ter a maior parte do seu lucro indo para a metrópole. Em 1730, com a Coroa Portuguesa muito preocupada com a extração de minérios no Brasil, os zalaianos começaram o processo de independência fazendo revoltas e passeatas. Quando Portugal teve consciência não deu muita importância, já que sua maior prioridade era o lucro proveniente dos minérios vindos do Brasil. Não demorou muito para Zalaiá conquistar sua independência oficial em 17 de maio de 1745, elegendo um representante com o objetivo de liderar a nação, chamado Manuel de La Vista, por fazer parte da família mais rica e mais respeitada tanto pelos portugueses como pelos zalaianos.
____A partir da entrada de Manuel, instalou-se uma monarquia onde o poder era hereditário, passando de pai para filho. Ele criou a moeda Zal, dando ao país um caráter capitalista, seguindo os moldes do seu país colonizador. Em 1800, foi realizada uma votação entre toda a população do país, com o objetivo de decidir qual regime iriam seguir, pois os zalaianos queriam ter como representante uma pessoa que não fosse de descendência portuguesa. Os zalaianos, como eram maioria, ganharam a votação, instalando, assim, uma democracia, com eleições a cada 5 anos e sem nenhum partido, com qualquer pessoa podendo se candidatar, desde que tenha mais de 25 anos e com um elevado grau de escolaridade. Em 1801, foi feita a primeira votação, onde o zalaiano Eudini Linon assumiu o poder com 2 terços dos votos e criou a Constituição de 1802, que vigora até hoje.